REVISTA SÃO MAMEDE

terça-feira, 15 de abril de 2014

“Ricardo e as pesquisas”: Fabiano Gomes faz uma análise dos números das últimas pesquisas eleitorais

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Com uma desvantagem média de 20 pontos em todas as últimas pesquisas de intenção de votos divulgadas, o governador poderá até dizer que os institutos não têm acertado na Paraíba. É verdade. Como é verdade que as as pesquisas têm errado frequentemente a favor do governo.
O paraibano tem duas formas principais de ler as pesquisas de intenção de voto que já foram ou serão publicadas. A primeira é a densidade de cada candidato por região. Esse dado é fundamental na Paraíba, onde apenas cinco cidades ( João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita, Bayeux e Patos) já concentram 35,25% do eleitorado. Se acrescentarmos outras dez (Sousa, Cajazeiras, Guarabira, Sapé, Cabedelo, Mamanguape, Queimadas, Pombal, Esperança e Monteiro) teremos nesses 15 municípios a impressionante concentração de 47,23% dos eleitores- quase a metade do eleitorado dos 223 municípios paraibanos.
A segunda leitura possível é o comparativo de quanto cada candidato tem a mais ou a menos nessas cidades, na relação com as últimas eleições, por exemplo. Quem perde densidade na Grande João Pessoa ou em Campina Grande terá extremas dificuldades de compensar o prejuízo noutras regiões, tal a concentração eleitoral verificada na Paraíba.
Qualquer que seja a leitura escolhida, os números já divulgados parecem muito preocupantes para o projeto de reeleição do governador Ricardo Coutinho. Pela primeira leitura, o governador está em empate técnico com o senador Cássio em João Pessoa, apesar da ligeira vantagem aritmética de seu adversário ( 32,8 a 35,3), mas perde de goleada em Campina Grande para Cássio e Veneziano (49,0 a 17,5) e empata com Veneziano ( 17,5 a 16,5). Em todas as outras regiões (Grande João Pessoa, Zona da Mata e litoral, Agreste, Borborema e Sertão), o governador perde para seu principal concorrente.
Na região sertaneja, onde sofre uma diferença quase igual à de Campina Grande (43,6 a 17,7 ), o governador está num empate técnico com Veneziano (17,7 a 13,2).
O conhecimento mínimo da geografia eleitoral das maiores cidades da Paraíba ajuda a entender esses números. Em João Pessoa, base tradicional de sua atuação política, o governador dividiu seus exércitos. Em Campina Grande, os dois principais grupos políticos são contrários a ele, o que se repete em Guarabira, Patos, Pombal e Sousa, para citar apenas algumas das maiores cidades.
A segunda leitura possível, que remete ao comparativo com o desempenho da eleição passada, é ainda mais preocupante para o governador. Mantidos os números atuais, ele perde cerca de 15 pontos percentuais, em relação a 2010, o que significa algo como 60 mil votos. Em Campina Grande, perde bem mais de 40 pontos, o que significa 80 mil votos. Essa diferença dificilmente poderá ser compensada em pequenos municípios, onde o vencedor ganha por 200 ou 300 votos de diferença. Lembre-se que Maranhão, em 2010, ganhou na maioria dos municípios paraibanos, mas o governador foi Ricardo Coutinho, por conta, especialmente, das votações de Campina Grande e da Grande João Pessoa.
O governador e todos os candidatos em desvantagem poderão dizer que as pesquisas sempre erram na Paraíba. É verdade. Mas qualquer análise dos números das últimas eleições descobrirá que as distorções praticamente se concentraram em João Pessoa, contaminando o resultado final da pesquisa pelo peso eleitoral da capital (17,39%). Mais ainda: os erros nessas pesquisas frequentemente aconteceram a favor do governo. Essa deveria ser uma preocupação a mais para o governador.
(Os números citados e registrados na Justiça Eleitoral são da pesquisa Consult/MaisPB)
Por Fabiano Gomes

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