CÁSSIO: UM MÊS DEPOIS DA DERROTA E AS RAZÕES NA VISÃO DE GILVAN FREIRE

Neste domingo completa um mês da eleição no segundo turno. No Brasil e na Paraíba, por causa da disputa parelha entre os candidatos (na PB Cássio ganhou o 1º turno e RC no 2º) os eleitores não se conformam com as derrotas, porque acreditavam na vitória de seus líderes, na medida em que eles empolgavam muito. De alguma forma querem explicações.

De fato, só os ganhadores não precisam se explicar. RC ganhou a eleição na Paraíba porque foi mais competente, descontados os métodos, e mais convincente – alguém tem dúvida disso? Mas por que Cássio perdeu uma eleição aparentemente ganha?

Cássio perdeu a eleição porque seu sucesso ao longo dos anos o transformou em mito, quando a disputa exigia que ele fosse apenas um candidato. Suas equipes de campanha são as mesmas há mais de 20 anos, muitos ainda do tempo de seu pai, e têm uma visão domestica do líder, e não uma visão do que a sociedade pensa e exige dele. Foi um erro grave de percepção crítica.

Agindo desde o principio como ídolo de um cassismo fanatizado mas com desgaste de uso, Cássio desprezou a influência de varias gerações de novos eleitores que não possuem a menor identidade nem histórico com ele. Suas equipes apostaram no desagrado do povo com relação ao governador Ricardo Coutinho ( RC começou a campanha com menos de 30% das intenções de voto) e subestimaram a aprovação do governo, baseado na propaganda de realização de muitas obras. Não foi difícil para RC, construindo alianças com os que não cabiam no trem de Cássio, ampliar a propaganda positiva da administração e colar sua imagem na do governo para que as duas se parecessem.

Neste sentido, para a população, especialmente para aqueles que não conheceram o governo de Cássio, governo bom mesmo era o de Ricardo.

Com a diferença de apenas pouco mais de dois pontos percentuais, Cássio perdeu a campanha a partir da composição da chapa e das negociações com outros agentes políticos, afora os erros que cometeu no enfrentamento pela televisão com RC e na produção de seu guia eleitoral. Foi ai que RC conseguiu ser mais afirmativo, mais preparado e mais esclarecedor. Convenceu, afinal.

No mais, Cássio isolou Cícero e Luciano Agra e os trocou por Ruy Carneiro. Além de tudo, excluiu Maranhão das conversas travadas com o PMDB. Ou seja: queria mesmo perder. E se esforçou tanto para não dar certo que conseguiu, à duras penas. Quase que não conseguia, mas vingou a lei da teimosia e do peito inflado. E da cegueira dos que estavam por perto.

Gilvan Freire