REVISTA SÃO MAMEDE

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Drama familiar que mostra o descaso com a saúde na cidade de Patos

Descaso! Talvez seja essa a melhor palavra para descrever o drama vivido pelo pedreiro Cosme Paulo Nascimento, 37 anos, vítima de acidente de trabalho que o deixou paraplégico há um ano e dez meses. Cosme agora depende do apoio incondicional da sua esposa, a senhora Irenice Alexandre, para ajudá-lo quando das necessidades fisiológicas, locomoção, banho, trocar de roupas e tantas outras dificuldades vindas com o atual problema do trabalhador.
A família, composta por mais três filhos mora na Rua Valmir Nunes, Bairro Jatobá, próximo ao Posto de Saúde e Pronto Atendimento Maria Marques, em Patos. Agora a sobrevivência do casal e dos filhos depende de um salário mínimo recebido pelo marido através do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e do trabalho da esposa em uma pequena fábrica de bombons.
Depois de muita luta e ajuda de inúmeros amigos, Cosme Paulo conseguiu tratamento em um dos maiores hospitais, e também referência em reabilitação de pacientes vítimas de traumas, o Hospital Sara Kubitschek, em Fortaleza (CE). Acontece que devido a cálculos nos rins, Cosme precisa de cirurgia e essa depende da Secretaria de Saúde do Município de Patos. A solicitação da cirurgia já foi feita desde junho de 2014, mas até o momento não tem data para acontecer, enquanto isso, o problema se agrava.
Cosme também necessita de uma cadeira de rodas com suporte para as pernas e que tenha apoio móvel para os braços. A cadeira também foi indicada por um especialista do Hospital Sara Kubitschek, mas até o momento, apesar de solicitada a Secretaria de Saúde, esta não chegou. Ele usa uma cadeira inapropriada que foi emprestada e que tem problemas na estrutura.
Mesmo bastante abalada diante da situação, Irenice relata que a dificuldade começa pela falta de fraldas, sondas e até gases no Posto de Saúde que deveria fornecer. “Ele precisa de dez pacotes de fraldas e só dão quatro. Falta, ás vezes, gases e sondas. Eu fico me humilhando para conseguir. A ‘intera’ para comprar vem do salário. Eu coloquei na justiça desde setembro e até agora nada. Eu estou esgotada! Vou na Secretaria e eles dizem que eu tenha paciência. Ele tá precisando dessa cirurgia, mas quem sofre somos todos nós, eu e os filhos dele”, relata emocionada Irenice.
O presidente da Associação dos Moradores do Bairro Jatobá, Jardim Santa Cecília e Adjacências, Carlos Alberto, esteve na Secretara de Saúde para acompanhar o caso de Cosme. Carlos confessou que a situação é gritante, ele disse que já falou com a secretária Ilana Motta. “Estamos fazendo um apelo, pois é triste quando alguém passa por uma situação dessa. Se ele tivesse feito a cirurgia, ele já estaria num estado melhor. Pedimos a prefeita e a secretaria que veja esse caso com bons olhos”, relata Carlos.
A reportagem foi até a Secretaria Municipal de Saúde do Município de Patos para buscar respostas diante do caso. A secretária-adjunta disse que não falaria sobre o caso e nos indicou para buscar informações com a funcionária chamada Ana de Jesus. A funcionária disse que o caso está sendo encaminhado, mas que a família deve ter paciência, pois são inúmeras pessoas que estão na mesma situação e que infelizmente depende de decisão política do Município e do Governo do Estado para a liberação das cirurgias eletivas. O Hospital Sara Kubistchek só recebe Cosme se a cirurgia for realizada.
Em contato com o médico Dr. Eliseu José de Melo Neto, a reportagem levou os exames que já foram realizados por Cosme Paulo. Dr. Eliseu explicou tecnicamente os problemas do paciente e relatou que é um descaso o que vem acontecendo na cidade de Patos e na região. “Existe uma calamidade pública na cidade de Patos sobre as cirurgias eletivas, algo impressionante, mas nós temos inúmeras cirurgias acumuladas, isso aqui é a ponta do iceberg. É algo que tem que ser visto pelos gestores para tentar reduzir esse drama. Todos os dias vêm gente chorando atrás de cirurgias. Isso é o que incomoda o profissional médico, é você poder fazer e não ter condições de fazer. É urgente e necessário que os gestores vejam essa situação! Pois o povo está pagando com suas vidas o desmando das gestões que não conseguem tirar esse nó da vida das pessoas”, conta Dr. Eliseu.


Jozivan Antero – Patosonline.com


OUÇA entrevistas com Dr. Eliseu José, Carlos Alberto, Cosme Paulo e Irenice Alexandre:


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